PF Apura Fraudas Bancárias Internacionais Que Podem Chegar a R$ 35 Milhões
- 17/09/2025

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (17), a Operação Eurocyber, que investiga a atuação de criminosos em um esquema de fraudes bancárias englobando Brasil e Europa, com prejuízo que ultrapassa os R$ 35 milhões. As ações são realizadas em cooperação entre a PF no Ceará e no Maranhão. Conforme informado, as investigações miram o chamado núcleo técnico do grupo criminoso investigado na Operação Eurogolpes, que foi deflagrada em junho de 2024. A Eurogolpes teve início a partir de comunicações feitas por organismos de segurança e instituições bancárias europeias (Europol Portugal/Espanha), encaminhadas à PF, por meio de cooperação policial internacional. Esses repasses relatavam ataques cibernéticos que para comprometer contas bancárias, por meio de páginas falsas e técnicas de engenharia social. A investigação também apontou a existência de movimentações suspeitas no território brasileiro.
O prejuízo total das fraudes investigadas supera os € 7 milhões, valor equivalente a mais de R$ 35 milhões, com foco principal em contas bancárias de clientes em Portugal e Espanha. O aprofundamento das investigações permitiu a identificação de um novo alvo estratégico: o operador técnico do esquema. Ele é apontado como o responsável pelo desenvolvimento das ferramentas de fraude, incluindo páginas de phishing e sistemas para coleta de dados bancários e pessoais de vítimas, além da comercialização dessas informações sensíveis. O investigado mantinha comunicação direta com o núcleo financeiro da organização e recebia pagamentos pelas atividades por meio de contas bancárias e criptoativos.
Na operação da manhã desta quarta-feira (17), foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão no estado do Maranhão, nos municípios de Imperatriz e Sítio Novo. A ação teve como foco principal a apreensão de dispositivos eletrônicos, mídias, computadores, hardwallets, dinheiro em espécie, documentos e bens de alto valor que possam ter sido adquiridos com os recursos das fraudes. Os materiais apreendidos serão submetidos à análise técnica. A investigação pode ainda identificar outros envolvidos, a partir da continuidade das apurações, segundo a PF. Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e de organização criminosa transnacional, além de possíveis delitos de estelionato eletrônico ou furto mediante fraude. As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão. As diligências seguem em curso, com a cooperação entre unidades da Polícia Federal no Ceará e no Maranhão.
No âmbito da Operação Eurogolpes, deflagrada no ano passado, as investigações apontam atuação dos criminosos em Portugal e na Espanha. A Polícia Nacional da Espanha informou à Polícia Federal que cidadãos brasileiros estavam envolvidos na ativação de quantias significativas de uma espécie de cartão presente que pode ser convertido em Bitcoins. Em paralelo a isso, a Polícia Portuguesa realizou uma operação própria que resultou em dezenas de buscas domiciliares e prisões preventivas contra 26 indivíduos, majoritariamente brasileiros, suspeitos de fraudes bancárias, causando um prejuízo estimado de 7 milhões de euros a clientes portugueses. As análises indicavam que o grupo criminoso identificado pela Polícia Espanhola estaria conectado ao grupo investigado pela Polícia Portuguesa. Utilizando-se da estrutura no Brasil, especialmente em São Paulo e no Ceará, a organização lavava os recursos ilícitos obtidos nos dois países.