Em Morada Nova, Políticos Podem Ter Recebido Empréstimo de Facção
- 24/12/2025
Suspeitos de integrar facções criminosas teriam emprestado dinheiro para políticos que concorreram às eleições de 2024 em Morada Nova, município do Vale do Jaguaribe. Documentos aos quais O POVO teve acesso indicam que, pelo menos, três candidatos a vereador e um candidato a prefeito teriam recebido valores que variaram entre R$ 100 e 375 mil. Os políticos negaram ter recebido valores indevidos para as suas campanhas, afirmando que sequer conhecem os suspeitos mencionados. As suspeitas vieram à tona durante investigações da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) contra integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).
Em 18 de fevereiro deste ano, Saul Sales Farias, de 29 anos, foi preso suspeito de ser responsável por lavar o dinheiro obtido pela GDE com o tráfico de drogas. Na ação policial, Saul teve celulares apreendidos. A extração dos dados dos aparelhos mostrou que uma das formas utilizadas por ele para lavar o dinheiro era através de empréstimos mediante pagamento de juros (“agiotagem”). Em uma das conversas, Saul afirma que não é “batizado” na facção e que não comercializava drogas, mas que emprestava dinheiro para membros da GDE, incluindo Bruno Gomes Castro Lima, o “Príncipe” — um dos líderes da facção em Morada Nova e que foi preso em Santa Catarina em 2023.
“Tinha amizade com tudinho porque estavam tudo do mesmo lado, emprestei dinheiro a ‘J’, emprestei dinheiro a ‘Príncipe’, tirei um bocado de gente do prego, todo dia era depositando dinheiro para esses homens aí, para o ‘Príncipe’, R$ 8.000, 9.000, Felipe chegava lá, eu corria para o banco, LAVANDO DINHEIRO para esses caras”, afirmou Saul em dezembro de 2024, conforme relatório técnico produzido pela Delegacia Regional de Russas, município vizinho a Morada Nova. O mesmo relatório também mostra Saul conversando, em 2024, com Regis Rumão (PP), que assumiu o cargo de vereador de Morada Nova após ficar na suplência nas eleições do ano passado. Saul teria emprestado R$ 300 mil para a campanha do então candidato, mas não teria sido pago e, por isso, chegou a cogitar um atentado contra Regis.








