Na Venezuela, Suspensão dos Voos Impede Viagens de Fim de Ano
- 24/12/2025
Sol deixou a Venezuela há mais de 11 anos. Voltar para casa neste Natal era um plano que havia sido coordenado minuciosamente. Um objetivo que levou meses de organização, mas, sobretudo, muita expectativa. Um desejo que agora terá de adiar, com incerteza e sem data prevista, devido à suspensão de numerosos voos para a Venezuela em meio às tensões crescentes com os Estados Unidos. No fim de novembro, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) instou as companhias aéreas comerciais a “redobrarem as precauções” ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe.
Dias depois, uma frase do presidente dos EUA, Donald Trump, desencadeou as consequências que hoje enfrentam muitos venezuelanos como Sol, que planejavam passar as festas de fim de ano em família: “Considerem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela totalmente fechado”, disse ele. Desde então, várias companhias aéreas cancelaram seus voos para a Venezuela até o fim de dezembro e ofereceram aos passageiros a possibilidade de trocar as passagens por novas rotas ou receber o reembolso. E, embora alguns tenham optado por outras formas de transporte, para muitos fazer esse trajeto de avião até Caracas era a única alternativa. A Gol foi uma das primeiras companhias aéreas internacionais a suspender seus voos e, depois, o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) da Venezuela revogou a concessão de voos da empresa, junto com a de outras cinco companhias que haviam aderido às medidas da FAA.
Também não é a primeira vez que os voos na Venezuela são afetados pelo contexto político. Desde 2014, a conectividade aérea com o país foi reduzida. Antes da tensão com os EUA, havia 105 voos semanais para 16 destinos, operados por 12 companhias aéreas internacionais, segundo dados fornecidos pela Associação de Linhas Aéreas (ALAV) da Venezuela à agência EFE. A Air Europa ampliou até 31 de dezembro a suspensão de seus voos entre Madri e Caracas, assim como a Iberia e a Plus Ultra, as outras duas companhias que também cancelaram essa conexão. As três empresas que operam entre Espanha e Venezuela estão com a licença suspensa por ordem do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil venezuelano. Em Caracas, Alessia era esperada por seus seis irmãos para começar 2026 juntos.
Cerca de 2,8 milhões de venezuelanos emigraram para a Colômbia na última década, segundo dados da Migração Colômbia. E, com a crise aérea, a fronteira com esse país é uma das poucas portas de entrada e saída da Venezuela. No terminal de El Salitre, em Bogotá, dezenas de venezuelanos aguardavam na tarde da última quinta-feira (18) para embarcar no ônibus que os levaria de volta à pátria para se reunir com seus entes queridos. Oscar Saúl Lozano Flores trabalha na Colômbia há algum tempo. Seu objetivo era chegar de ônibus até a passagem de fronteira de Arauca e depois seguir para a Venezuela.








